Quando me
vi, depois da morte,
Em sublime
transporte,
E reclamei
contra a fogueira
Que me
havia calcinado a vida inteira
Pela sede
de amor ...
Quando
aleguei que fora, em toda estrada,
Folha ao
vento,
Andorinha
esmagada
Sob o
trator ao sofrimento....
Quando
exaltei a minha dor,
Mágoa de
quem amara sempre em vão,
Farta de
incompreensão...
Alguém
chegou, junto de mim,
E disse
assim:
— Maria
Dolores,
Você que
vem do mundo,
E se diz
Tão
cansada e infeliz,
Que
notícias me dá do vale fundo
De
provação,
Onde a
criatura de tanto padecer
Não
consegue saber
Se sofre
ou não?
Você que
diz trazer o seio morto,
Que me
pode falar
Dos
meninos sem pão e sem conforto,
Das
mulheres sem lar,
Dos
enfermos sozinhos,
Que a
febre e a fome esmagam nos caminhos,
Sem sequer
um lençol ou a bênção de uma prece,
Dando
graças a Deus, quando a morte aparece?!..
Você,
Maria Dolores,
Que afirma
haver amado tanto
E que deve
ter visto
O
sacrifício e o pranto
De quem
clama por Cristo,
Suplicando
o carinho que não tem,
Que me
pode contar daquelas outras dores,
Daquelas
outras aflições
Dos que
choram trancados em manicômios e prisões,
Buscando
amor, pedindo amor,
Exaustos
de tristeza e de amargura,
Como feras
na grade,
Morrendo
de secura,
De
solidão, de angústia e de saudade?!...
Bem-querer!...
Bem-querer!...
Ai de mim,
que nada pude responder!
Que
tortura, meu Deus, a verdade, no Além!...
Calei-me,
envergonhada...
Eu apenas
quisera ser amada,
Não amara
a ninguém...
🔵
___________________________________
(Do livro “Antologia da Espiritualidade” (1971),
ditado pelo Espírito Maria Dolores, psicografado
por Francisco Cândido Xavier.
Disponível em: http://www.oconsolador.com.br/linkfixo/
Acesso em: 01/novembro/2015).
Imagem: www.google.com. Acesso em: 01/novembro/2015.
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