sexta-feira, 20 de março de 2015

REENCARNAÇÃO E VIDA

Por Leonardo Pereira*
"[...] É hora, portanto, de estudarmos, entendermos e apreendermos a lógica divina da Reencarnação [...]"
Em seus princípios básicos, a Doutrina Espírita preconiza a crença no espíritosua pré-existência ao corpo físico e sua sobrevivência após a morte biológica, ou seja, não deixamos de existir e não perdemos a individualidade. Com o fim da existência corpórea (morte), abre-se para o espírito uma  outra dimensão - a vida espiritual -  onde essa Individualidade, trabalhando e evoluindo, prossegue  a sua caminhada para o Infinito. Portanto, não vai encontrar nem um céu com 'descanso eterno', nem um 'inferno' com um fogo que não cessa de queimar, conceituações quase infantis, aliás, que mostram um deus imperfeito e que não perdoa.

Assim, propomo-nos aqui refletir sobre o Verdadeiro Deus de Amor, Pai Criador, Inteligência Suprema do Universo e Causa Primeira de todas as coisas , e as Suas leis, lançando um olhar especial sobre a Reencarnação - o retorno do espírito ao mundo material, à vida física, em novo corpo e nova personalidade. Crença comum à época de Jesus,  Ele mesmo, o Mestre de Nazaré, fez questão de a revelar a Nicodemos, o doutor da lei, que o buscou na calada da noite, corcoveando entre as sombras, para não ser visto na Sua presença. O evangelista João (3:3 a 7) anotou o célebre diálogo:

[...] Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te maravilhes de te ter dito: Necessário vos é nascer de novo. [...]

Eis aí, portanto,  a Reencarnação, que consiste, para o Espírito, em idas e vindas do plano espiritual para o plano físico, animando corpos diferentes, vivenciando formas e personalidades masculinas e femininas, atravessando a linha do tempo de cada uma dessas oportunidades de aprendizado como pais, mães, filhos, avós, irmãos,  e assim, contribuindo, para esse grande projeto evolutivo divino chamado família.

O tempo passa...os corpos voltam ao pó da terra... só o espírito vivifica. Em nossa bagagem espiritual prmanecem apenas as conquistas intelectuais e morais, que constituem a nossa  verdadeira 'fortuna', os verdadeiros bens que podemos, de fato, acumular. O restante - casas, castelos, carros, dinheiro, poder, status social, etc. -, que tanto fazemos questão de ajuntar, permanece no plano físico. O que é material permanece na matéria. Na dimensão espírito o que importa é a verdadeira essência, o tesouro moral e intelectual, a real personalidade, o que realmente somos no mundo íntimo.

Mas a coisa não é fácil. Mesmo sabendo disso,  deixamo-nos aprisionar pelo apego, pela cobiça, pelo desejo e pela posse de coisas e pessoas; atormentamo-nos, construindo o inferno astral de nossos dias, e olvidamos que, ao despertar no outro lado da vida, encontarmo-nos com a realidade eterna.  Jesus, o Médico de homens e de almas (Mateus 16:19 e 18:18), já nos alertava sobre isso: "E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus." Em outro momento (Mateus 6:19-21), o Rabi fala do apego aos bens materiais e da verdadeira riqueza: “Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração."

No grande teatro terreno, na esteira de profícuo aprendizado, representamos muitos papeis: ora pobres; outras vezes ricos, repletos de cultura; em altos postos de comando; recheados de títulos que validam nossa posição social; e, em muitas outras oportunidades, servidores humildes da sociedade, anônimos, afastados do 'brilho social', aprendendo a viver na pobreza, longe dos excessos e do supérfluo,  convivendo até com a falta do necessário.

Quanto a isso, é importante anotar que a riqueza e a pobreza fazem parte de um cenário composto pelas desigualdades sociais e são, para nós, campos de prova ou expiação. Já a  miséria material, é provocada pelos homens, pela sociedade, que não compartilha o que detém com quem está ao seu lado na experiência terrena. Mudar isso significa vivenciar os preceitos da verdadeira Caridade,  dando ao “ter” e ao “deter” uma nova interpretação: a de que somos apenas usufrutuários dos bens divinos. Além disso, compreender o nosso verdadeiro  papel na sociedade, para conquista da paz  de consciência necessária ao avanço rumo à felicidade.

No entanto, apesar do chamamento milenar, ignoramos as leis divinas e resvalamos para as trilhas escuras do abuso do poder, da corrupção e  do crime, ferindo os que estão ao nosso redor, contrariando a lei de amor, justiça e caridade. Sem dúvida, responderemos, por isso,  não só pelas lesões de sentimento e mutilações sociais que provocamos, mas também pela morte de muitos sonhos e projetos. E assim, seja qual for a  nossa posição social, cultural ou intelectual, estacionaremos, semeando para nós mesmos dias difíceis, regados de lágrimas, que somente secarão se repararmos os erros e refazremos a caminhada. Contudo, isso exige tempo, esforço e dedicação, dado que, ao agir desse modo, trazemos, automaticamente, para junto de nós, a Dor - essa companheira de evolução que sempre aparece  para nos lembrar da necessidade de continuarmos no caminho reto e seguro que o Mestre Jesus nos ofereceu.

[...] Disse-lhe Tomé: Senhor, nós não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho? Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim." (João - 14:3 a  6).

É bom lembrarmos de que temos livre-arbítrio para as escolhas que fazemos e para as ações que empreendemos, e que a reação, é determinista e vem na justa medida. Entretanto, nos consola saber que a evolução é uma constante para o espírito. Nunca involuímos. Podemos até estacionar, por não querermos caminhar, mas sempre somos impelidos pelo Amor Divino a prosseguirmos. E  é esse Amor Maior que nos proporciona essas tantas oportunidades reencarnatórias, que nos faz paulatinamente avançar.

Na atual escala em que se encontra a nossa Humanidade, cada um de nós vive a sua melhor encarnação. Estamos tendo a chance de vivenciar o prelúdio da Era da Regeneração. Isso deve - ou deveria  - calar fundo em nossos corações,  ativando - ou reativando - o melhor de nossas forças espirituais no preparo para esses dias melhores, que já estão chegando.

É hora, portanto, de estudarmos, entendermos e apreendermos a lógica divina da Reencarnação.

Espíritos que somos, temos uma vida só, com diversas experiências, e  de cada uma dessas experiências devemos reter nada mais que nossas qualidades e virtudes, passaporte seguro para uma vida espiritual plena no seio divino.
*  *  * 
(*) Leonardo Pereira é designer gráfico, orador espírita e trabalhador
Imagem: http://www.google.com/ .Acesso em: 15/jul./10.
Formatação atualizada em: 17/março/2015.

terça-feira, 17 de março de 2015

USO E ABUSO


Pelo Espírito André Luiz

"[...] O uso é a lei que constrói.
O abuso é a exorbitância que desgasta [...]"

O uso é o bom-senso da vida e o metro da caridade.
Vida sem abuso, consciência tranquila.
*
Uso é moderação em tudo.
Abuso é desequilíbrio.
*
O uso exprime alegria.
Do abuso nasce a dor.
*
Existem abusos de tempo, conhecimento e emoção.
Por isso, muitas vezes, o uso chama-se “abstenção”.
*
O uso cria a reminiscência confortadora.
O abuso forja a lembrança infeliz.
*
Saber fazer significa saber usar.
Todos os objetos ou aparelhos, atitudes ou circunstâncias
exigem uso adequado, sem o que surge o erro.
*
Doença – abuso da saúde.
Vício – abuso do hábito.
Supérfluo – abuso do necessário
Egoísmo – abuso do direito
Todos os aspectos menos bons da existência constituem abusos.
*
O uso é a lei que constrói.
O abuso é a exorbitância que desgasta.
Eis por que progredir é usar bem os empréstimos de Deus.
*  *  *
(Do livro "Estude e Viva", ditado pelos Espíritos Emmanuel e André Luiz
aos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira.4ª ed. FEB. 1978. Cap. 7. págs. 53/54.)
Imagem: www.google.com. Acesso em: 27/março/2012.  
Formatação atualizada em:17/março/2015.

sábado, 14 de março de 2015

PRINCÍPIOS REDENTORES


Pelo Espírito André Luiz

"...Use a fé e a prudência.
Aprenda a semear, preparando boa ceifa..."

Não se esqueça de que Deus é o tema central de nossos destinos.
Deseje o bem dos outros, tanto quanto deseja o próprio bem.
Concorde imediatamente com os adversários.
Respeite a opinião dos vizinhos.
Evite contendas desagradáveis.
Empreste sem aguardar restituição.
Dê seu concurso às boas obras, com alegria.
Não se preocupe com os caluniadores. Agradeça ao inimigo pelo valor que ele lhe atribui.
Ajude as crianças.
Não desampare os velhos e doentes.
Pense em você, por último, em qualquer jogo de benefícios.
Desculpe sinceramente.
Não critique a ninguém.
Repare seus defeitos, antes de corrigir os alheios.
Use a fé e a prudência. Aprenda a semear, preparando boa ceifa. Não peça uvas ao espinheiro. 
Liberte-se do peso de excessivas convenções.
Cultive a simplicidade.
Fale o menos possível, relativamente a você e a seus problemas.
Estimule as qualidades nobres dos companheiros.
Trabalhe no bem de todos.
Valorize o tempo.
Metodize o trabalho, sabendo que cada dia tem as suas obrigações.
Não se aflija.
Sirva a toda gente sem prender-se.
Seja alegre, justo e agradecido.
Jamais imponha seus pontos de vista.
Lembre-se de que o mundo não foi feito apenas para você.
*
As ciências sociais de hoje apresentam semelhantes princípios como novidades. No entanto, são antigos. Chegaram à Terra, com o Cristo, há quase vinte séculos. Nós outros, porém, espíritos atrasados no entendimento, somos ainda tardios na aplicação.
*  *  *
(Do livro "Agenda Cristã", ditado pelo Espírito André Luiz
ao médium Chico Xavier. 26ª ed. FEB.1987. págs. 15/17.
Imagem: www.google.com. Acesso em:26/março2012.
Formatação atualizada em: 06/março/2015.

sábado, 7 de março de 2015

"EU " CONTRA "EU"

Pelo Espírito Irmão X

Quando o Homem, ainda jovem, desejou cometer o primeiro desatino, aproximou-se o Bom Senso e observou-lhe:

-Detém-te! Por que te confias assim ao mal?

O interpelado, porém respondeu orgulhoso:

− Eu quero.

Passando, mais tarde, à condição de perdulário e adotando a extravagância e a loucura por normas de viver, apareceu a Ponderação e aconselhou-o:

− Pára! Por que te consagras, desse modo, ao gasto inconseqüente?

Ele, contudo, esclareceu jactancioso:

− Eu posso.

Mais tarde, mobilizando os outros a serviço da própria insensatez, recebeu a visita da Humildade, que lhe rogou, piedosa:

− Reflete! Por que te não compadeces dos mais fracos e dos mais ignorantes?

O infeliz, todavia, redargüiu colérico:

− Eu mando.

Absorvendo imensos recursos, inutilmente, quando poderia beneficiar a coletividade, abeirou-se dele o Amor e pediu:

− Modifica-te! Sê caridoso! Como podes reter o rio das oportunidades sem socorrer o campo das necessidades alheias?

E o mísero informou:

− Eu ordeno.

Praticando atos condenáveis, que o levaram ao pelourinho da desaprovação pública, a Justiça acercou-se dele e recomendou:

− Não prossigas! Não te dói ferir tanta gente?

O infortunado, entretanto, acentuou, implacável:

− Eu exijo.

E assim viveu o Homem, acreditando-se o centro do Universo, reclamando, oprimindo e dominando, sem ouvir as sugestões das virtudes que iluminam a Terra, até que, um dia, a Morte o procurou e lhe impôs a entrega do corpo físico.

O desditoso entendeu a gravidade do acontecimento, prosternou-se diante dela e considerou:

− Morte, por que me buscas?

− Eu quero − disse ela.

− Por que me constranges a aceitar-te? − gemeu triste.

− Eu posso − retrucou a visitante.

− Como podes atacar-me deste modo?

− Eu mando.

− Que poderes te movem?

− Eu ordeno.

− Defender-me-ei contra ti − clamou o Homem, desesperado −, duelarei e receberás a minha maldição!...

Mas a Morte sorriu, imperturbável, e afirmou:

− Eu exijo.

E, na luta do "eu" contra "eu", conduziu-o à casa da Verdade para maiores lições.
*  *  *
(“Contos e Apólogos”, ditado pelo Espírito Irmão X 
ao médium Chico Xavier. 3ª Ed.
Rio de Janeiro. FEB. 1974. Lição nº 5. p.27 a 29.)
Imagem: www.google.com. Acesso em:21/fevereiro/2012.

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Leia também:
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segunda-feira, 2 de março de 2015

PRECE PELA CURA DA ALMA


"Nas vossas aflições, volvei sempre para o céu o olhar e dizei do fundo do coração:
“Meu Pai, cura-me, mas faze que minha alma enferma se cure antes que o meu corpo; que a minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve ao teu seio, com a brancura que possuía quando a criaste.”
Após essa prece, meus amigos, que o bom Deus ouvirá sempre, dadas vos serão a força e a coragem e, quiçá, também a cura que apenas timidamente pedistes, em recompensa da vossa abnegação." Vianney, cura d’Ars (Paris, 1863.

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Nota: Recomendada pelo Espírito J.-B Vianney, cura d’Ars, na mensagem "Bem-aventurados os que têm fechado os olhos", em O Evangelho segundo o Espiritismo” (Cap.VIII, item 20, 132ª ed.,1ª impressão (ed. histórica)FEB, 2013, págs. 132/133, relacionada a uma pessoa cega a cujo favor se invocara o referido Espírito (cf. nota de rodapé à pág. 132). 
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Imagem: www.morguefile.com. Acesso em: 02/março/2015.
Formatação atualizada em: 15/abril/2017.