sábado, 7 de março de 2015

"EU " CONTRA "EU"

Pelo Espírito Irmão X

Quando o Homem, ainda jovem, desejou cometer o primeiro desatino, aproximou-se o Bom Senso e observou-lhe:

-Detém-te! Por que te confias assim ao mal?

O interpelado, porém respondeu orgulhoso:

− Eu quero.

Passando, mais tarde, à condição de perdulário e adotando a extravagância e a loucura por normas de viver, apareceu a Ponderação e aconselhou-o:

− Pára! Por que te consagras, desse modo, ao gasto inconseqüente?

Ele, contudo, esclareceu jactancioso:

− Eu posso.

Mais tarde, mobilizando os outros a serviço da própria insensatez, recebeu a visita da Humildade, que lhe rogou, piedosa:

− Reflete! Por que te não compadeces dos mais fracos e dos mais ignorantes?

O infeliz, todavia, redargüiu colérico:

− Eu mando.

Absorvendo imensos recursos, inutilmente, quando poderia beneficiar a coletividade, abeirou-se dele o Amor e pediu:

− Modifica-te! Sê caridoso! Como podes reter o rio das oportunidades sem socorrer o campo das necessidades alheias?

E o mísero informou:

− Eu ordeno.

Praticando atos condenáveis, que o levaram ao pelourinho da desaprovação pública, a Justiça acercou-se dele e recomendou:

− Não prossigas! Não te dói ferir tanta gente?

O infortunado, entretanto, acentuou, implacável:

− Eu exijo.

E assim viveu o Homem, acreditando-se o centro do Universo, reclamando, oprimindo e dominando, sem ouvir as sugestões das virtudes que iluminam a Terra, até que, um dia, a Morte o procurou e lhe impôs a entrega do corpo físico.

O desditoso entendeu a gravidade do acontecimento, prosternou-se diante dela e considerou:

− Morte, por que me buscas?

− Eu quero − disse ela.

− Por que me constranges a aceitar-te? − gemeu triste.

− Eu posso − retrucou a visitante.

− Como podes atacar-me deste modo?

− Eu mando.

− Que poderes te movem?

− Eu ordeno.

− Defender-me-ei contra ti − clamou o Homem, desesperado −, duelarei e receberás a minha maldição!...

Mas a Morte sorriu, imperturbável, e afirmou:

− Eu exijo.

E, na luta do "eu" contra "eu", conduziu-o à casa da Verdade para maiores lições.
*  *  *
(“Contos e Apólogos”, ditado pelo Espírito Irmão X 
ao médium Chico Xavier. 3ª Ed.
Rio de Janeiro. FEB. 1974. Lição nº 5. p.27 a 29.)
Imagem: www.google.com. Acesso em:21/fevereiro/2012.

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