sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

O PEIXE E O POENTE



Francisco de A.D.Pirola

A tarde derrama sobre o lago as nuanças do poente. Num pequeno barco um solitário pescador: “O sol se põe. Não posso esperar muito mais.” – avalia.
 
Na água, a isca e o peixe: “Dentro de toda isca existe um anzol. Não vim comer. Quero apenas ver o pôr do sol.” – pensa, cauteloso, o peixe.

Leve brisa agita a água. A isca se move. O instinto vence. O peixe a engole, sem tempo de lembrar que “dentro de toda isca existe um anzol”.

As luzes cambiantes do poente transformam o lago num espelho multicor. Mas o belo espetáculo da Natureza não sensibiliza o pescador que, aborrecido, explode:

“Não tive sorte. Um único peixe. Dane-se o pôr do sol!”

No fundo do barco, o peixe debate-se:

“Não... tive... sorte. Só...queria...ver... o pôr... do sol!”.

FIM
Imagem: www.google.com.Acesso em 18/fevereiro/2014.

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