Francisco de A.D.Pirola
A tarde derrama sobre o lago as
nuanças do poente. Num pequeno barco um solitário pescador: “O sol se põe. Não
posso esperar muito mais.” – avalia.
Na água, a isca e o peixe: “Dentro de
toda isca existe um anzol. Não vim comer. Quero apenas ver o pôr do sol.” – pensa, cauteloso, o peixe.
Leve brisa agita a água. A isca se
move. O instinto vence. O peixe a engole, sem tempo de lembrar que “dentro de
toda isca existe um anzol”.
As luzes cambiantes do poente
transformam o lago num espelho multicor. Mas o belo espetáculo da Natureza não
sensibiliza o pescador que, aborrecido, explode:
“Não tive sorte. Um único peixe. Dane-se
o pôr do sol!”
No fundo do barco, o peixe debate-se:
“Não... tive... sorte. Só...queria...ver...
o pôr... do sol!”.
FIM
Imagem: www.google.com.Acesso em 18/fevereiro/2014.
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