quinta-feira, 5 de outubro de 2017

CRISES SOCIAIS

 

'...Ao homem, pois, não é lícito pretender manter-se indefinidamente estacionado em um determinado degrau da evolução, sem qualquer esforço voltado ao seu aprimoramento...'
"Em diálogo com os Espíritos Superiores, tratando de assunto relacionado com o progresso do homem e da Humanidade, Allan Kardec questiona: 
Que se deve pensar dos que tentam deter a marcha do progresso e fazer que a Humanidade retrograde? 
E estes respondem: 
[...] Serão levados de roldão pela torrente que procuram deter. (O Livro dos Espíritos, questão 781a.) 
Ainda na análise deste assunto, volta a consultar: Segue sempre marcha progressiva e lenta o aperfeiçoamento da Humanidade? Ao que os Espíritos respondem: Há o progresso regular e lento, que resulta da força das coisas. Quando, porém, um povo não progride tão depressa quanto devera, Deus o sujeita, de tempos a tempos, a um abalo físico ou moral que o transforma. (O Livro dos Espíritos, questão 783.) 
Com base nesta nova visão que os ensinos dos Espíritos Superiores nos oferecem, e que nos permite melhor compreender os mecanismos utilizados pela Justiça Divina para a prática das Leis do Criador, passamos a entender, também, as questões relacionadas com as crises sociais que comumente assolam a Humanidade. 
Criado simples e ignorante, ao Espírito cabe, por força da Lei do Progresso, trabalhar constantemente em favor de sua própria evolução intelectual e moral. Esta evolução se desenvolve através de inúmeras reencarnações, especialmente estimulada pelo relacionamento da vida social, no atendimento às suas carências de natureza material e espiritual. 
Ao homem, pois, não é lícito pretender manter-se indefinidamente estacionado em um determinado degrau da evolução, sem qualquer esforço voltado ao seu aprimoramento. Quando isto tende a acontecer, surgem as crises de crescimento, que o forçam a buscar a sua superação, acabando por lhe proporcionar a melhoria de que necessita. 
É, pois, em razão da Lei de Amor, que impulsiona o homem ao progresso constante, que a História sempre registrou em todas as épocas, após superadas as grandes crises sociais, uma era de paz e de progresso para a Humanidade.🔵
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(Editorial publicado originalmente na revista Reformador,
de julho/2006, editada pela Federação Espírita Brasileira.
Disponível no Portal FEB. Acesso em: 19/janeiro/2012.).
Imagem: www.google.com. Acesso em: 22/novembro/2015. 
Destaques: pelo Editor do Blog.
Formatação atualizada em: 05/outubro/2017.

terça-feira, 3 de outubro de 2017

NO CAMINHO DO AMOR

Por Francisco de A. D. Pirola
'...o Amor verdadeiro, indestrutível, que realiza de fato,deve ser uma edificação do Espírito...'
Numa apologia à liberalidade costuma-se dizer que "o importante é ser feliz". Esta é a senha para a banalização da sexualidade, reduzida a simples objeto na sedutora vitrine do culto ao prazer.
Nesse caudal vertiginoso debate-se parte de uma geração que vivendo sob novo paradigma de liberdade tudo considera normal, navegando na inversão de valores com a mesma tranquilidade com que atravessa o deserto das contradições, na ilusão de que tudo é possível, só despertando, muitas vezes, no limiar  do abismo.
Em Forças do Ser, música tema do 32° EMEES/DIJ/FEEES, o compositor André Pirola interroga:
“E o que você fará, amor, / do Amor que Deus deu pra você? / Pra quem você abrirá, amor, a porta do seu ser? / E o que você fará, amor, / do Amor que Deus deu pra você? / Pra quem você abrirá, amor, a porta? / Importa pra você.
E aí, como é que "fica"?
Buscando um parâmetro para o entendimento dessa complexa questão do comportamento humano, procuramos inspiração no Exemplo do Jovem Nazareno, Guia e Modelo da Humanidade, indagando:
- Como procederia Ele diante de um desses apelos sensuais tão “naturais” em nossos dias
e encontramos  um belíssimo texto do Espírito Irmão X, ditado ao médium Chico Xavier, constante do livro “Contos e Apólogos” (3ª Ed. Rio de Janeiro. FEB. 1974. Lição nº 18. p. 81 a 83).
Na lição, que reproduzimos a seguir, o autor nos conduz a profunda reflexão, mostrando, ao mesmo tempo, a rapidez com que se esvaem, e como são passageiras, as ilusões a que nos aferramos em meio à transitoriedade da vida física, sem nos darmos conta de que o Amor verdadeiro, indestrutível, que realiza de fato, deve ser uma edificação  do Espírito.
Vamos, então, ao texto:

NO CAMINHO DO AMOR

Em Jerusalém, nos arredores do Templo, adornada mulher encontrou um nazareno, de olhos fascinantes e lúcidos, de cabelos delicados e melancólico sorriso, e fixou-o estranhamente.
Arrebatada na onda de simpatia a irradiar-se dele, corrigiu as dobras da túnica muito alva, colocou no olhar indizível expressão de doçura e, deixando perceber, nos meneios do corpo frágil, a visível paixão que a possuíra de súbito, abeirou-se do desconhecido e falou, ciciante:
− Jovem, as flores de Séforis encheram-me a ânfora do coração com deliciosos perfumes. Tenho felicidade ao teu dispor, em minha loja de essências finas...
Indicou extensa vila, cercada de rosas, à sombra de arvoredo acolhedor, e ajuntou:
− Inúmeros peregrinos cansados me buscam à procura do repouso que reconforta. Em minha primavera juvenil, encontram o prazer que representa a coroa da vida. E' que o lírio do vale não tem a carícia dos meus braços e a romã saborosa não possui o mel de meus lábios. Vem e vê! Dar-te-ei leito macio, tapetes dourados e vinho capitoso... Acariciar-te-ei a fronte abatida e curar-te-ei o cansaço da viagem longa! Descansarás teus pés em água de nardo e ouvirás, feliz, as harpas e os alaúdes de meu jardim. Tenho a meu serviço músicos e dançarinas, exercitados em palácios ilustres!...
Ante a incompreensível mudez do viajor, tornou, súplice, depois de leve pausa:
− Jovem, por que não respondes? Descobri em teus olhos diferentes chama e assim procedo por amar-te. Tenho sede de afeição que me complete a vida. Atende! Atende!...
Ele parecia não perceber a vibração febril com que semelhantes palavras eram pronunciadas e, notando-lhe a expressão fisionômica indefinível, a vendedora de essências acrescentou um tanto agastada:
− Não virás?
Constrangido por aquele olhar esfogueado, o forasteiro apenas murmurou:
− Agora, não. Depois, no entanto, quem sabe?!...
A mulher, ajaezada de enfeites, sentindo-se desprezada, prorrompeu em sarcasmos e partiu.
🔸

Transcorridos dois anos, quando Jesus levantava paralíticos, ao pé do Tanque de Betesda, venerável anciã pediu-lhe socorro para infeliz criatura, atenazada de sofrimento.
O Mestre seguiu-a, sem hesitar.
Num pardieiro denegrido, um corpo chagado exalava gemidos angustiosos.
A disputada marcadora de aromas ali se encontrava carcomida de úlceras, de pele enegrecida e rosto disforme. Feridas sanguinolentas pontilhavam-lhe a carne, agora semelhante ao esterco da terra. Exceção dos olhos profundos e indagadores, nada mais lhe restava da feminilidade antiga. Era uma sombra leprosa, de que ninguém ousava aproximar.
Fitou o Mestre e reconheceu-o.
Era o mesmo mancebo nazareno, de porte sublime e atraente expressão.
O Cristo estendeu-lhe os braços, tocado de intraduzível ternura e convidou:
− Vem a mim, tu que sofres! Na Casa de Meu Pai, nunca se extingue a esperança.
A interpelada quis recuar, conturbada de assombro, mas não conseguiu mover os próprios dedos, vencida de dor.
O Mestre, porém, transbordando compaixão, prosternou-se fraternal, e conchegou-a, de manso...
A infeliz reuniu todas as forças que lhe sobravam e perguntou, em voz reticenciosa e dorida:
-Tu?... O Messias nazareno?... O Profeta que cura, reanima e alivia?!... Que vieste fazer, junto de mulher tão miserável quanto eu?
Ele, contudo, sorriu benevolente, retrucando apenas:
− Agora, venho satisfazer-te os apelos.
E, recordando-lhe a palavra do primeiro encontro, acentuou, compassivo:
− Descubro em teus olhos diferente chama e assim procedo por amar-te.🔵
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Imagem: www.google.com. Acesso em 24/fevereiro/2012.
Formatação e revisão atualizados em: 03/outubro/2017.

domingo, 1 de outubro de 2017

MÃES ABNEGADAS FILHOS INGRATOS

Pelo Espírito Anália Franco
'...Filhos! Refleti enquanto ao vosso lado se encontra o anjo maternal dando-vos amparo e carinho...'
Entre os graves comportamentos destrutivos que caracterizam a inferioridade humana, a ingratidão destaca-se, infeliz, sendo, porém, a dos filhos em relação aos pais, uma ulceração moral das mais perturbadoras.
A gratidão é o sentimento nobre que enriquece o Espírito de bênçãos, proporcionando-lhe saúde e bem-estar.
Exorna o caráter com os valiosos tesouros da fidelidade e da alegria de viver, facultando a visão otimista para uma existência de eloquente significado. A ingratidão é chaga moral que decompõe os sentimentos, trabalhando-os no processo degenerativo.
Pergunta-se: por que mães abnegadas, cujas existências são assinaladas pela ternura e devotamento, padecem a crueza de filhos ingratos que as crucificam nas traves invisíveis do martírio?
Essas carinhosas genitoras, mesmo sem o conhecimento consciente, identificam, nesses rebeldes rebentos da sua carne, seres que necessitam de amor, e, por mais sejam maltratadas, não diminuem, pelo contrário, aumentam a capacidade de resignação e de sacrifício para com eles.
São, esses filhos ingratos, aves que tiveram no passado as asas cortadas pela crueldade de parceiros infiéis, que os atiraram ao abismo do desespero e da loucura.
Algumas outras mães trazem inscritos na consciência os remorsos e as culpas defluentes de delitos cometidos contra eles em existências pregressas, de que não se reabilitaram, assinalando-os com mágoas e sentimentos doentios, de que hoje se utilizam para encontrarem uma paz mentirosa.
Certamente, a conduta odienta a que se entregam, em processo de vingança, não encontra justificativa em relação ao delito de que foram vítimas na anterior oportunidade, porque é da Lei divina o impositivo do perdão, e quando isso não seja possível, prevalece o dever de compreensão em referência à queda moral do seu próximo.
Elas, no entanto, durante a lucidez recuperada na Espiritualidade, conscientizando-se do clamoroso erro praticado, suplicam a Deus a oportunidade de recebê-los como filhos, sabendo que somente o poder do amor será suficiente para sanar-lhes as mágoas profundas e neles edificar os dons da amizade e do devotamento verdadeiros.
Santa Mônica, por exemplo, a cristã modelo, maltratada pelo filho ingrato, Agostinho de Hipona, suportou as suas diatribes e agressões, orando por ele e o amando sem cessar, por 27 longos anos, até o momento em que aconteceu a conversão que o levou a Jesus.
O algoz acalmou-se e a mãe feliz retornou à pátria ditosa, legando o cristão invulgar encarregado de servir à Humanidade desde o recuado século IV.
À sua semelhança, incontáveis mães sofridas conseguiram erguer os filhos rebeldes dos abismos aos quais se atiraram até às elevadas esferas do amor e da alegria de viver.
Mães abnegadas! Tende coragem e mantende a fé na divina Justiça, perseverando, animosas, ao lado desses filhos ingratos. Eles estão enfermos e  referem ignorá-lo.
Sois a luz na treva da desdita em que se debatem, recusando- -se à claridade libertadora.
Não vos aflijais em demasia, tendo em conta que eles são também filhos de Deus como vós próprias e não estão esquecidos...
Filhos! Refleti enquanto ao vosso lado se encontra o anjo maternal dando-vos amparo e carinho.
Se o desdenhais hoje e a vossa arrogância o pune injustamente, amanhã, quando ele houver partido da Terra, valorizá-lo-eis tardiamente no percurso solitário pelo deserto do arrependimento e da angústia.
Recomponde a paisagem mental e cuidai de aproveitar a santa oportunidade do convívio com o seu amor, a fim de vos encontrardes a vós próprios.
No jubiloso dia dedicado às mães, na Terra, embora todos os dias lhes pertençam, sede felizes, mulheres abnegadas, evocando e refugiando-vos na incomparável Mãe de Jesus, tornada sublime genitora de todas as criaturas!🔵

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na sessão mediúnica da noite de 13 de março de 2013, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)
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Fonte: Revista Reformador - Ano 131 - nº 2.210 - Maio 2013.
Disponível no Portal Feb (www.febnet.org.br).Acesso em: 11/maio/2013.
Destaques:pelo editor do Blog.
Formatação atualizada em: 01/outubro/2017.