domingo, 22 de abril de 2018

A PRECE (II)

Léon Denis(*)
(continuação...)

Prece pelos Espíritos infelizes

"Orar pelos Espíritos infelizes, orar com compaixão, com amor, é uma das mais eficazes formas de caridade. Todos podem exercê-la, todos podem facilitar o desprendimento das almas, abreviar o tempo da perturbação por que elas passam depois da morte, atuando por um impulso caloroso do pensamento, por uma lembrança benévola e afetuosa. A prece facilita a desagregação corporal, ajuda o Espírito a libertar-se dos fluídos grosseiros que o ligam à matéria. Sob a influência das ondulações magnéticas projetadas por uma vontade poderosa, o torpor cessa, o Espírito se reconhece e assenhoreia-se de si próprio."

Prece por outrem

"A prece por outrem, pelos nossos parentes, pelos infortunados e enfermos, quando feita com sentimentos sinceros e ardente fé, pode também produzir efeitos salutares. Mesmo quando as leis do destino lhe sejam um obstáculo, quando a provação deva ser cumprida até ao fim, a prece não é inútil. Os fluídos benéficos que traz em si acumulam-se para, no momento da morte, recaírem sobre o perispírito do ser amado." 

Fé e vontade

“Reuni-vos para orar”, disse o apóstolo [Atos, 12:12]. A prece feita em comum é um feixe de vontades, de pensamentos, raios, harmonias e perfumes que se dirige mais poderosamente ao seu alvo. Pode adquirir uma força irresistível, uma força capaz de agitar, de abalar as massas fluídicas. Que alavanca poderosa para a alma entusiasta, que dá ao seu impulso tudo quanto há de grandioso, de puro e de elevado em si! Nesse estado, seus pensamentos irrompem como corrente impetuosa, de abundantes e potentes eflúvios. Tem-se visto, algumas vezes, a alma em prece desprender-se do corpo e, inebriada pelo êxtase, seguir o pensamento fervoroso que se projetou como seu precursor através do infinito. O homem traz em si um motor incomparável, de que apenas sabe tirar medíocre proveito. Entretanto, para fazê-lo agir bastam duas coisas: a fé e a vontade."

Prece: pensamento inclinado para o bem

"Considerada sob tais aspectos, a prece perde todo o caráter místico. O seu alvo não é mais a obtenção de uma graça, de um favor, mas, sim, a elevação da alma e o relacionamento desta com as potências superiores, fluídicas e morais. [Atos dos Apóstolos, 12:12] A prece é o pensamento inclinado para o bem, é o fio luminoso que liga os mundos obscuros aos mundos divinos, os Espíritos encarnados às almas livres e radiantes. Desdenhá-la seria desprezar a única força que nos arranca ao conflito das paixões e dos interesses, que nos transporta acima das coisas transitórias e nos une ao que é fixo, permanente e imutável no Universo. Em vez de repelirmos a prece, por causa dos abusos ridículos e odiosos de que foi objeto, não será melhor nos utilizarmos dela com critério e medida?[...]"

Como devemos orar?


"[...]É com recolhimento e sinceridade, é com sentimento que se deve orar. Evitemos as fórmulas banais usadas em certos meios. Nessas espécies de exercícios espirituais, apenas a nossa boca se move, pois a alma conserva-se muda. No fim de cada dia, antes de nos entregarmos ao repouso, perscrutemos a nós mesmos, examinemos cuidadosamente as nossas ações. Saibamos condenar o que for mau, a fim de o evitarmos, e louvemos o que houvermos feito de bom e útil. Solicitemos da Sabedoria Suprema que nos ajude a realizar em nós e ao nosso redor a beleza moral e perfeita. Longe das coisas mundanas, elevemos os nossos pensamentos. Que nossa alma se eleve, alegre e amorosa, para o Eterno. Ela descerá então dessas alturas com tesouros de paciência e de coragem, que tornarão fácil o cumprimento dos seus deveres e da sua tarefa de aperfeiçoamento."


Prece inspirada pelo Espírito Jerônimo de Praga


"[...] se, em nossa incapacidade para exprimir os sentimentos, é absolutamente necessário um texto, uma fórmula, digamos:
“Meu Deus, vós que sois grande, que sois tudo, deixai cair sobre mim, humilde, sobre mim, eu que não existo senão pela vossa vontade, um raio de divina luz. Fazei que, penetrado do vosso amor, me seja fácil fazer o bem e que eu tenha aversão ao mal; que, animado pelo desejo de vos agradar, meu espírito vença os obstáculos que se opõem à vitória da verdade sobre o erro, da fraternidade sobre o egoísmo; fazei que, em cada companheiro de provações, eu veja um irmão, assim como vedes um filho em cada um dos seres que de vós emanam e para vós devem voltar. Dai-me o amor do trabalho, que é o dever de todos sobre a Terra, e, com o auxílio do archote que colocaste ao meu alcance, esclarecei-me sobre as imperfeições que retardam meu adiantamento nesta vida e na vindoura.” [Prece inédita, ditada, com o auxílio de uma mesa, pelo Espírito Jerônimo de Praga, a um grupo de operários.– Léon Denis]
Prece e Natureza

"Unamos nossas vozes às do infinito. Tudo ora, tudo celebra a alegria de viver, desde o átomo que se agita na Lua até o astro imenso que flutua no éter. A adoração dos seres forma um concerto prodigioso que se expande no espaço e sobe a Deus. É a saudação dos filhos ao Pai, é a homenagem prestada pelas criaturas ao Criador. Interrogai a Natureza no esplendor dos dias de sol, na calma das noites estreladas. Escutai as grandes vozes dos oceanos, os murmúrios que se elevam do seio dos desertos e da profundeza dos bosques, os acentos misteriosos que se desprendem da folhagem, repercutem nos desfiladeiros solitários, sobem as planícies, os vales, franqueiam as alturas e espalham-se pelo Universo. Por toda parte, em todos os lugares, concentrando-vos, ouvireis o cântico admirável que a Terra dirige à Grande Alma. Mais solene ainda é a prece dos mundos, o canto suave e profundo que faz vibrar a Imensidade e cuja significação sublime somente os Espíritos elevados podem compreender." 🔵

*Biografia disponível em:
http://www.febnet.org.br/blog/geral/pesquisas/biografias/

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(Excertos do livro "Depois da morte", de Léon Denis,
Cap. 51, 11ª ed.,FEB, 1978.)
Imagem: www.google.com. Acesso em: 22/abril/2018.
Formatação e destaques pelo Editor do Blog.

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