Saulo de Tarso, doutor da Lei, cai por terra diante de uma luz fulgurante, e uma voz retumba na estrada de Damasco: “Saulo, Saulo, por que me persegues?”(Atos, 9:4). Num reflexo, talvez pelo descontrole emocional, Saulo interpela essa voz surpreendente que parece brotar das entranhas da terra e, ao mesmo tempo, vir do céu. No vigor de sua juventude e no auge do orgulho de sua raça, tenta, em vão, reconhecê-la e identificar quem o interroga dessa forma, e quem poderia sobre ele projetar tamanha luz, a ponto de o deixar cego e perdido. No desespero, questiona: “Quem és, Senhor?”(Atos, 9:5). Apesar de imediata, a resposta parece levar uma eternidade. Aturdido, sem ver o que se passa, lançado ao chão como se o deserto desejasse lhe tragar, Saulo, impaciente, espera. Como uma onda carregada por rajadas de vento, a voz ressoa novamente: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”(Atos, 9:5). Ao ouvi-la, e compreendendo onde e como se encontrava, tentava, em vão, se levantar, numa luta muita mais interna que externa, e ouve novamente a voz do Divino Mestre: “Duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões”(Atos, 9:5). É o que diz o texto bíblico.
Mas, por que essa fala?
Saulo, judeu, sabia muito bem sobre a Lei, os Dez Mandamentos, e tudo mais, principalmente sobre o “não matarás”. E sabia também que a desrespeitava. Matara o jovem Estevão e ordenara outras tantas dilapidações em nome da lei judaica. Agora, o doutor da lei, sendo despertado pelo poder que emana de Deus, via-se diante do aguilhão da cegueira física, que o conduziria ao encontro de Jesus.
Mas, por que essa fala?
Saulo, judeu, sabia muito bem sobre a Lei, os Dez Mandamentos, e tudo mais, principalmente sobre o “não matarás”. E sabia também que a desrespeitava. Matara o jovem Estevão e ordenara outras tantas dilapidações em nome da lei judaica. Agora, o doutor da lei, sendo despertado pelo poder que emana de Deus, via-se diante do aguilhão da cegueira física, que o conduziria ao encontro de Jesus.
Para quem só ouvia a voz e não via ninguém, como os que o acompanhavam, tudo era muito estranho. Imagine, caro leitor/leitora, o que se passava na cabeça do jovem doutor, humilhado, atirado ao solo, sem enxergar o que se passava à sua volta. Em Atos dos Apóstolos, a narrativa diz que Saulo se encontrava “tremendo e atônito”. Imaginemos que, por dentro, uma revolução se processava. Ele compreendera o chamamento do Divino Escultor de almas. Cego para o mundo, naquele instante ele começava a enxergar a luz e, pronto para servir e encarar os desafios, pergunta sem medo: “Senhor, que queres que eu faça?”(Atos, 9:6). E aguardava a resposta e as consequências que ela acarretaria.Imperativa, responde a voz: “Levanta-te...”(Atos, 9:6). Saulo deveria ir a Damasco para o autoencontro, ou seja, encontrar a si mesmo, e, com alma erguida, seguir em direção a Deus.
Você teria coragem de repetir a pergunta de Saulo a Jesus?
Para muitos de nós, talvez falte a necessária coragem. Hoje, porém, a resposta − “Levanta-te... − está presente em nosso dia a dia: no ensino cristão, nas narrativas de Jesus, em suas parábolas, nos fatos de Sua vida ou nos Atos dos Apóstolos. É Jesus respondendo às nossas reclamações, nossas dores, nossas quedas, como se nos falasse: “continua, ergue-te, siga, tudo passa, prossiga, adiante, mude sua história, refaça caminhos, começa agora.”.
Quantas vezes, motivados pelo conhecimento da Doutrina Espírita, falamos sobre quanto ela é maravilhosa. Lembramos a vida de Jesus, falamos de justiça. Nas Casas Espíritas, empolgados, motivados, nos dispomos a servir à Causa, seja como voluntários, trabalhadores, enfim, mudar o mundo. Mas, diante de nossa realidade espiritual continuamos a eleger o sossego, a bonança, as facilidades, o conforto... afinal, temos a nossa vida pessoal, não é?
“Senhor, que queres que eu faça?” − perguntamos a Jesus todos os dias. Assim o fazemos quando nos colocamos como espíritas e cristãos no mundo; quando adotamos uma religião e dela nos tornamos adeptos; quando nos dizemos frequentadores ou trabalhadores dessa ou daquela instituição religiosa; quando falamos do seu Evangelho e de suas lições; quando subimos na tribuna e proferimos palestras, evangelizamos ou realizamos o Evangelho no Lar.
E o que Jesus quer que façamos? Amar o próximo como a nós mesmos; amar o nosso inimigo; amar a nós mesmos; perdoar as ofensas; não guardar mágoas; não desejar o mal; fazer o bem no limite de nossas forças; não exigir do outro o que ainda não conseguimos fazer; sermos benevolentes; que tenhamos misericórdia; que auxiliemos os fracos; cuidemos dos doentes, e, sobretudo, que expulsemos os “demônios” que vivem dentro de nós e que nos mantêm no passado dos enganos. Ele nos diz: “se cair, levanta-te e vai...”.
E o que Jesus quer que façamos? Amar o próximo como a nós mesmos; amar o nosso inimigo; amar a nós mesmos; perdoar as ofensas; não guardar mágoas; não desejar o mal; fazer o bem no limite de nossas forças; não exigir do outro o que ainda não conseguimos fazer; sermos benevolentes; que tenhamos misericórdia; que auxiliemos os fracos; cuidemos dos doentes, e, sobretudo, que expulsemos os “demônios” que vivem dentro de nós e que nos mantêm no passado dos enganos. Ele nos diz: “se cair, levanta-te e vai...”.
Nos dias atuais, a exemplo de Saulo, estamos sendo chamados para empreender a nossa reforma íntima. Por quanto tempo mais ficaremos deitados na “estrada de Damasco”, cegos e trêmulos, esperando uma resposta dos céus? Temos todas as respostas de que necessitamos. Adiante companheiros. É tempo de avançar!🔵
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Citações bíblicas: Atos dos Apóstolos - cap. 9:1-6.Fonte:
Bíblia online – Almeida revisada e corrigida.Acesso em: 21/março/2014.
Imagem: www.google.com. Acesso em: 21/março/2014.
Formatação atualizada em: 29/dezembro/2016.