Antonio Cesar Perri de Carvalho - Presidente da FEB |
Antonio Cesar Perri de
Carvalho*
"Postulações aparentemente localizadas e específicas, repentinamente ensejaram clamores diversos e de maneira difusa, espraiando-se pelo país. Quando se analisa o conjunto das manifestações – majoritariamente pacíficas -, o cenário é muito claro. Está evidente que há muita ansiedade, preocupações e demandas reprimidas.
No ambiente das searas
espírita e religiosa em geral, há uma ação continuada em defesa da vida, pois
nos últimos anos se amiúdam as tentativas de liberação do aborto e até da
eutanásia no Brasil. Infelizmente, muitos não se dão contam que tais propostas
estão definidas em alguns ideários partidários. As atividades assistenciais
executadas com dedicação pelos espíritas há mais de século, hoje sofrem o
influxo de legislações complementares, de normas e de pressões que tendem a
inviabilizar a opção da entidade se caracterizar como filantrópica. As
organizações religiosas como um todo se sentem estranguladas por tentativas de
ingerências do Estado e de governos.
Há uma certa confusão
entre o fato do Brasil ser um Estado laico, cabendo toda ação de repeito à
diversidade religiosa, com as propostas claramente ateístas que têm embasado
algumas ações políticas.
A FEB tem participado
ativamente de movimentos da sociedade civil e de foros adequados que visam o
respeito à vida em todas suas etapas e de eventos que defendam a diversidade
religiosa e a ação social por parte de organizações religiosas.
Numa visão espírita,
naturalmente somos levados a refletir no conteúdo e vaticínio de Brasil,
coração do mundo, pátria do Evangelho, psicografado por Chico Xavier nos idos
de 1938. O espírito Humberto de Campos comenta momentos que nos induzem a
entender enganos cometidos ao longo do processo civilizatório de nosso país e,
inclusive, destaca colocações e alertas dos orientadores espirituais do país.
Todavia, deixa clara a destinação e a missão espiritual do país. Já no prefácio
previa-se, há mais de 70 anos atrás: “[…] o Brasil terá também o seu grande
momento no relógio que marca os dias da evolução da Humanidade”.
Além dessa monumental
obra da lavra mediúnica de Chico Xavier, no marco inaugural do Espiritismo O
livro dos espíritos, há significativas questões sobre a vida em sociedade.
Especificamente da questão 783, transcrevemos: “Segue sempre marcha progressiva
e lenta o aperfeiçoamento da Humanidade?” Trecho da resposta “Há o
progresso regular e lento, que resulta da força das coisas. Quando, porém,
um povo não progride tão depressa quanto devera, Deus o sujeita, de tempos
a tempos, a um abalo físico ou moral que o transforma.”; e, assinalamos um
trecho comentado pelo próprio Allan Kardec: “O homem não pode conservar-se
indefinidamente na ignorância, porque tem de atingir a finalidade que a
Providência lhe assinou. Ele se instrui pela força das coisas. As revoluções
morais, como as revoluções sociais, se infiltram nas ideias pouco a pouco;
germinam durante séculos; depois, irrompem subitamente e produzem o
desmoronamento do carunchoso edifício do passado, que deixou de estar em
harmonia com as necessidades novas e com as novas aspirações.”
O Codificador
desenvolve importante raciocínio em Obras Póstumas (1ª parte): “Liberdade,
igualdade, fraternidade. Estas três palavras representam, por si só, o programa
de toda uma ordem social que realizaria o mais absoluto progresso da
Humanidade, se o princípio que elas traduzem pudesse receber integral
aplicação”.
Parece-nos lícito
concluir que temos compromissos com a cidadania. O Espiritismo – como “obra de
educação”- se assenta na moral do Cristo, e esta se fundamenta no respeito à
vida e ao próximo, na ética e na moral. Tais valores devem ser a grande
bandeira para as decisões de foro íntimo e de comprometimento coletivo. A
reflexão dos textos do Novo Testamento à luz do Espiritismo são sempre
necessárias para compreendermos e buscarmos as novas aspirações para uma
Humanidade melhor."
* * *
(*)Antonio Cesar Perri de
Carvalho é presidente da Federação Espírita Brasileira.
Fonte: Portal FEB. Acesso em: 15/julho/2013.