Henri Masson
FRANÇA
Finalidade:
Permitir o acesso a uma comunicação de qualidade entre pessoas que não possuem uma língua em comum, no menor prazo e ao menor custo. Pela própria exigência de qualidade, seu tempo de aprendizado é de 8 a 10 vezes menor que se necessita para qualquer outra língua. O esperanto dá uma dimensão adicional à comunicação lingüística, mesmo para pessoas que dominem o inglês e muitas línguas. O objetivo primeiro do Dr. Zamenhof, criador do Esperanto, já foi por esse motivo plenamente alcançado.
Implantação:
Em mais de cem países. Sua difusão é mais forte na Europa Oriental, no Extremo Oriente (Japão, China, Coréia) e na América Latina. O atual presidente da Associação Universal de Esperanto, que sucedeu um professor universitário coreano especialista em comércio e economia, é o ex-procurador geral e ex-ministro da Justiça da Austrália, Kep Enderby.
A imprensa em esperanto consiste em mais de uma centena de títulos. O órgão da UEA, a revista "Esperanto", é lido em mais de 115 países; o jornal "Heroldo de Esperanto" tem assinantes em mais de 70. Lançada em 1980 pelo redator executivo de política do jornal alemão Augsburger Allgemeine e atual presidente da Associação Mundial de Jornalistas Esperantistas, a revista mensal internacional Monato é lida em mais de 65 países. Ela conta com uma rede de 150 correspondentes e colaboradores em 45 países. É importante considerar que os habitantes de inúmeros países não dispõem dos recursos de pagar uma anuidade ou uma assinatura.O número de falantes de esperanto é geralmente estimado em cerca de três milhões de pessoas (seis, de acordo com o Guiness Book 1997). Mais que o número de falantes, é a disseminação e a qualidade da comunicação que contam para uma língua internacional.
A questão das línguas constitui um problema particularmente importante nas instituições internacionais (ONU, União Européia...). Até 10 de janeiro de 1999, 132 deputados europeus (21,08%) de todos os matizes partidários, se declaravam favoráveis ao esperanto como solução possível.
Aplicações Principais:
Educação: É a única língua capaz de permitir a todos os alunos de se beneficiarem de um ensino bilíngüe real na escola. Ela oferece ainda uma propedêutica adequada ao aprendizado de outras línguas. Dada sua maior facilidade, permite ao aluno de passar do mais fácil ao mais difícil gradativamente, em muito menor tempo que qualquer outra língua, tendo acesso aos intercâmbios internacionais. O número de estabelecimentos de ensino superior onde há cursos atingia 151 em 1987, em muitos países, dentre eles a China (progressão multiplicada por cinco entre 1972 e 1992). O número de propostas de lei visando sua admissão no ensino na França passou de 2 (entre 1907 e 1974) para 7 (no período de 1975-1997).
Comunicação Científica: É a principal língua de trabalho da Academia Internacional de San Marino, que, desde seus onze anos de existência, já abriga um laureado pelo Prêmio Nobel (de Economia). A seção de esperanto da Academia de Ciências da China edita uma revista técnico-científica bilíngüe esperanto-chinês e organiza congressos científicos internacionais com o esperanto e o chinês entre as línguas de trabalho.
Economia, comércio, turismo, transportes: com a constituição relativamente recente de organizações internacionais visando a promoção do esperanto para fins econômicos e comerciais, como o IKEF (Grupo Especializado para o Esperanto no Comércio) e a TAKE-Esperanto (Associação Mundial de Construtores e Obras Públicas) take.ladomo@wanadoo.fr. Um dicionário de economia e comércio em onze línguas foi redigido a partir do esperanto. Exemplos de utilisação efetiva: Câmara de Comércio e Indústria de Colmar e Alsácia Central com quatro línguas, Comitê Régional do Turismo da Normandia com seis outras línguas, escritórios de turismo (prospectos e publicidade), redes ferroviárias de 9 países (publicidade e tabelas de horários).
Organizações internacionais, associações, bibliotecas: Escola Moderna, Amigos da Natureza, Cidadãos do Mundo, Fundo Mundial de Solidariedade contra a Fome, sem contar dezenas de associações especializadas de esperanto (profissionais, políticas, religiosas, de lazer etc.) e até na Biblioteca Nacional da Áustria. É o aspecto sócio-cultural que prima no sítio da Associação Mundial Sem-Nacionalidade (SAT).
Internet: Uma expansão muito intensa, podendo ser explicada pelas várias situações nas quais o conhecimento apenas do inglês ou até de mais línguas, não é suficiente para uma comunicação de qualidade. O aprendizado do esperanto é possível na rede, a partir de diversas línguas. A palavra chave "esperanto" fornece a lista dos inúmeros sítios Web relacionados ao esperanto, que além disso é uma das quarenta línguas utilisadas no mecanismo de busca europeu Euroseek (http://euroseek.net). Ela é usada também pelo Savvysearch. O AltaVista dá no entanto uma lista mais completa de sítios relacionados. Mesmo se são poliglotas, os usuários da Internet podem encontrar um modo de acesso mais fácil e rápido, em um nível de comunicação que surpreende quem faz a experiência. Mesmos os falantes de inglês têm a ganhar, porque essa opção evita o trabalho de se comunicar com pessoas que dominam muito mal sua língua. O centro de informação multilíngüe www.esperanto.net, em 33 línguas, contém uma enorme lista de ligações que permitem obter informações e endereços em vários países. Situados respectivamente na Hungria e na Suécia, os sítios www.esperanto.hu e www.esperanto.se/nun são uma espécie de agências de notícia do mundo falante de esperanto.
Radiofonia - Televisão: emissões em esperanto difundidas por rádios de porte internacional, especialmente Varsóvia, Vaticano, Roma e Viena (com retransmissão por satélites) e também Pequim, Havana, Vilnius, Tallin, Rio de Janeiro, sem contar as emissões em FM. Às emissões em esperanto da rádio polonesa, difundidas quatro vezes de meia hora por dia em ondas curtas e satélite, se junta um programa que pode ser escutado a qualquer momento no mundo inteiro em Real Audio. Os horários de emissão de rádio em esperanto pelo mundo inteiro podem ser encontrados em http://osiek.org/aera.
Cursos em vídeo: Polônia, China, Albânia, Espanha entre outros (um outro está sendo gravado nos Estados Unidos).
Intercâmbio de todas as espécies: Mais de 250 congressos e encontros a cada ano no mundo inteiro. Existem redes que permitem viajar e encontros pontos de hospedagem ou de informações em dezenas de países. As principais organizações mundiais de esperanto têm um anuário que facilita os contatos, e a imprensa em esperanto publica anúncios que permitem encontrar correspondentes.
Descobertas e viagens: O esperanto se mostra um acessório bastante útil na bagagem lingüística de quem viaja de um país ao outro, e não pode aprender todas as línguas. Autor de inúmeras obras, (entre elas Tempestade no Aconcágua) algumas escritas diretamente em esperanto, o explorador iugoslavo Tibor Sekelj o comprovou. Uma viagem de oito anos ao redor do mundo permitiu a um jovem casal francês, Bruno e Maryvonne Robineau, apreciar a utilidade do esperanto para manter um contato direto com pessoas que eles nem conheciam anteriormente e que não falavam nem inglês, nem francês, nem espanhol. Um outro jovem casal partiu em 5 de maio de 1997 de Poiroux, na França, e acrescentou o esperanto ao seu conhecimento do françês, do inglês e do espanhol para um giro pela Europa em quatro anos. Em um carroça, com sua filha Lola, com seis meses na data de partida, Gudule Le Pichon et Laurent Cuenot são recebidos por pessoas que aprenderam esperanto com uma consideração prioritária pelo aspecto humano da comunicação. Eles podem ser observados pela rede neste endereço:
http://www.creaweb.fr/a.reto/gudfronto.html.
Cooperação internacional: Redes de solidariedade são organizadas com o esperanto como língua de trabalho e de intercâmbio e as campanhas de solidariedade são freqüentes no mundo do esperanto (em favor do Terceiro Mundo, da Bósnia, Kosovo).
Cultura: Mais de 110 anos de existência estabeleceram para o esperanto uma cultura, com suas tradições e usos que não param de se enriquecer: criação literária, poesia, teatro, música...
Literatura: A literatura original constitui de 60 à 75% dos mais de 30 mil títulos já publicados em esperanto. Vários novos livros surgem a cada semana. O catálogo do serviço de livraria mais importante do esperanto, em Rotterdam, oferece mais de 400 páginas de títulos sobre todos os assuntos e gêneros. O PEN Club do Esperanto foi admitido em 1993 junto ao PEN-Club Internacional, após uma rigorosa pesquisa. O valor do Esperanto nas trocas culturais foi reconhecido por duas recomendações da UNESCO (1954 et 1985).
Museus: Viena (Áustria), Gray (França), San Pau d'Ordal (Espanha).
Centros: La Chaux-de-Fonds (Suíça), Baugé (França), Bouresse (França), Stoke-on-Trent (Inglaterra), Arhus (Dinamarca), Poprad (Eslováquia), Lesjöfors (Suécia), Yatugatake (Japão)
Cursos Universitários de Verão:Bydgoszcz (Polônia), Kungälv (Suécia), San Francisco State University (EUA), Hartford University (EUA).
Alguns esperantistas da atualidade:
Reinhard Selten. alemão, Prêmio Nobel de Economia (1994), membro da Academia Internacional de Ciências de San Marino (aprendeu o esperanto ainda na juventude, na escola).
Miloslav Vlk, arcebispo de Praga, presidente do Conselho das Conferências Episcopais Européias, nomeado cardeal por João Paulo II, que usa ele próprio o esperanto em diversas ocasiões (entre outras por ocasião de uma convenção de jovens na Polônia, em suas bênçãos de Páscoa e Natal, e no encontro com esperantistas católicos em um congresso em Roma, 1997).
Ingemund Bengtsson, ex-presidente do Parlemento da Suécia.
Bakin (Pa kin), um dos maiores escritores chineses vivos.
Harry Harrisson, irlandês, autor de ficção científica.
Olav Reiersol, membro da Academia de Ciências da Noruega.
Daniel Tarschys, sueco, secretário geral do Conselho da Europa desde 1994.
Bertalan Farkas, primeiro cosmonauta húngaro.
Istvan Nemere, escritor húngaro, autor de numerosos romances em húngaro e esperanto.
Ralph Harry, ex-embaixador da Austrália junto à ONU e diversos países. A sonda espacial Voyager II, lançada no espaço em 1977, leva o registro de uma mensagem que ele pronunciou em inglês e em esperanto.
Maxime Rodinson, antropólogo, analista erudito do mundo árabe, autor de obras sobre o Islã. Aprendeu o esperanto ainda bastante jovem, e depois cerca de trinta línguas.
Kep Enderby, antigo procurador geral e ministro da justiça da Austrália, presidente da Associação Universal de Esperanto desde 1998.
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* Co-autor de "L'homme qui a défié Babel" (Ed. Ramsay, Paris).
Leia outro texto escrito por ele em "Esperanto, expressão e sentimento".
Tradução do KCE com a gentil permissão do autor.