ALMAS GÊMEAS

Dalva Silva Souza*
'... A Terra é nossa grande escola e a principal lição é o amor em todas as suas manifestações...'
A expressão “almas gêmeas" aparece no livro “Consolador” ditado por Emmanuel a Chico Xavier. O autor apresenta seu texto como uma tese. A expressão, na realidade, serve para designar a ligação pelo amor, significando a união de dois seres, pela simpatia e pela afinidade. Não é a mesma ideia de “metades eternas”, pois quando falamos almas gêmeas, pensamos em dois seres, não como duas metades que precisam se unir para formar um inteiro, mas como individualidades completas que se assemelham e, por isso, se identificam e se sentem atraídas uma para a outra. Os Espíritos revelaram que há afeições particulares entre os Espíritos, isso está explicito na questão 291 de O Livro dos Espíritos. O afeto mencionado na tese das almas gêmeas é um sentimento desse tipo. Também, no texto da resposta à questão 301, essa ideia está assim confirmada: "A simpatia que atrai um Espírito para o outro resulta da perfeita concordância de seus pendores e instintos”.

Deve-se entender a proposição das almas gêmeas como um processo didático para nos ensinar a amar, que vigora por um tempo no caminho evolutivo, com o objetivo de nos levar a amar igualmente a todas as criaturas. Enquanto estivermos dentro de um limite evolutivo de submissão a esse processo didático, essa identificação se dará com uma outra individualidade em particular. À medida que, pelas sucessivas reencarnações, vamos conquistando maiores níveis evolutivos, ampliamos a nossa capacidade de amar e passamos a nos identificar com muitos outros seres, mas, então, já não cabe mais a designação de almas gêmeas. Aprendamos com Emmanuel: "(...)atingida a culminância evolutiva, todas as expressões afetivas se irmanam na conquista do amor divino. O amor das almas gêmeas, em suma, é aquele que o Espírito, um dia, sentirá pela Humanidade inteira."

A grande curiosidade que as pessoas manifestam é se haveria a possibilidade de identificar a própria alma gêmea nos cenários do mundo. Consideremos, pois, que essa possibilidade estará condicionada à nossa capacidade de interiorização, de análise dos nossos próprios impulsos e sentimentos. Muita gente diz que está a procura da alma gêmea, mas mantém o foco na exterioridade. Se a identificação é de alma para alma, precisamos abstrair-nos dos aspectos exteriores e isso é muito difícil para nós, uma vez que a cultura ocidental é muito pragmática, voltada para o imediatismo da vida material.

O fato de aceitar a tese de que essa identificação de alma para alma existe, não significa dizer que tenhamos que encontrar a alma gêmea, para sermos felizes. Se alguém teve a chance desse encontro, ele vai ser significativo e marcante, mesmo que tenha sido apenas uma passagem na vida. No nível de evolução em que estamos, já construímos vínculos afetivos com muitas almas. Não devemos nos preocupar em achar aquela que nos despertou os primeiros impulsos para o amor, pois o objetivo de cada existência é desenvolver em nós a capacidade de amar àqueles que estão presentes em nosso cotidiano. Todos somos livres de escolher nossos caminhos. Os desencontros afetivos são frequentes, devido ao nosso condicionamento cultural, mas isso faz parte do aprendizado que a vida terrena oferece. A Terra é nossa grande escola e a principal lição é o amor em todas as suas manifestações: paterno, materno, fraterno, conjugal, etc.

O encontro com a alma gêmea vai depender da programação traçada para a experiência atual. Segundo os ensinos espíritas, antes de reencarnar, fazemos um plano em que definimos as possibilidades ou não desse encontro. Caso ele esteja na programação, poderá ocorrer desde cedo. Isso, contudo, não significa dizer que essas pessoas vão viver juntas, casar e ser felizes para sempre, como nos contos de fadas. O exercício amoroso ainda é um grande desafio em nosso mundo e ninguém está livre de viver os sofrimentos inerentes a este aprendizado.🔵
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(*Dalva Silva Souza é escritora e integra a Diretoria da
FEEES - Federação Espírita do Estado do Espírito Santo.)
Imagem: www.google.com . Acesso em: 19/julho/2011.
Formatação atualizada em:28/setembro/2017.