segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

RESSIGNIFICAR




Ionilda V. Carvalho*

Pode parecer difícil trazer essa palavra ao nosso vocabulário cotidiano, mesmo porque até bem pouco tempo talvez ela não fizesse parte de nosso dicionário mental.

As coisas estabelecidas como verdade, assim se mantinham por muito tempo, sedimentadas na dificuldade de investigação científica ou do pensamento.

As instruções eram elaboradas e organizadas, passando através das gerações como conquistas imutáveis.

No mundo de hoje, na grande transição em que estamos vivendo, situados em um turbilhão de descobertas, onde o homem inquieto amanhece muitas vezes em situações totalmente diversas daquelas em que se recolheu ao leito, é preciso ressignificar.

Ressignificar para ser capaz de reconstruir e mesmo construir.

Já não existem rumos traçados, verdades absolutas ou destinos inevitáveis.

A educação formal já não supre a sede de conhecimento e as instituições de ensino tradicionais se sentem incapazes de oferecer os subsídios necessários a esse ser que busca algo mais que informações.

Vencendo a incredulidade o homem saiu em campo para encontrar os conhecimentos que lhe preencham a alma e aí também se manifesta sua inquietude, não permitindo que ele se fixe onde não lhe permitem o diálogo, o raciocínio e a inquirição, pois que nada mais é como antes.

A casa espírita terá que se adequar a esse novo participante que chega ansioso por entender, trocar informações e principalmente construir uma nova rede de conhecimentos que possa trazer um significado real à sua existência.

Em meio à violência, ao desencanto, à tristeza e às perdas, o homem tem que estruturar uma nova ordem de pensamento e de significados para o cotidiano.

A percepção do tempo se encurtando e do espaço se desfazendo devido a sua agilidade de deslocamento, o apressam.

Nessa pressa presume que a conquista do poder, do bom e do melhor lhe saciarão a ansiedade e o furtarão à desilusão.

Quando a realidade se manifesta apresentando-se vestida de dor, vazio ou solidão, atordoado e não tendo a quem recorrer, muitas vezes foge da vida, encetando um grande caminhar em trevas, uma vez que a vida é estuante em todo o Universo.

É preciso que o grupo espírita esteja habilitado a recolher esse descrente, sem rumo e solitário ofertando-lhe algo mais que conceitos pré-estabelecidos ou visões preconceituosas. É preciso ofertar uma praça de diálogo, de compreensão e de afetividade, ressignificando o agrupamento religioso, que deixa de ser local de escolhidos para se tornar uma praça de diálogo entre os acolhidos.

Acolhidos pela doutrina que, dinâmica, permite e instrumentaliza o ressignificar da própria vida, mostrando a efemeridade das conquistas do material em detrimento da significação da bagagem espiritual.

Ressignificar a vida é trazer novo significado à morte, que se apresenta agora como uma troca de dimensões, para que o aprendizado de crescer possa se ampliar. É trazer novo significado ao grupamento familiar que passa a ser visto como um núcleo que trabalha sentimentos e emoções, criando laços de fraternidade que se estenderão ao longo das existências.

A sociedade passa a ser entendida como um grande buril, onde seres diferentes, com concepções e aprendizados diversos vão estabelecendo trocas que possibilitarão o progresso coletivo.

A violência, o desmando, a mentira e a insensatez assumem caráter transitório, característico das almas infantis e enceguecidas pela ignorância ou enredadas nas teias do desamor, da revanche e do ódio, que ainda assim estão a caminho da maturidade espiritual, propiciatória do grande encontro com o Amor.

A sombra, a privação e a miséria são, então, um convite aos homens e à sociedade para que os impulsos mais nobres se manifestem através da reestruturação da divisão dos bens materiais e intelectuais.

Em face do grande avanço intelectual e tecnológico do último século, o avanço do sentimento tem sido incipiente. Essa a grande responsabilidade que faceia a doutrina espírita. A responsabilidade de instigar e amparar o homem em seu trabalho de educação dos sentimentos e emoções.

Os espíritos têm trazido a informação sobre o período de transição em que estamos vivendo, sobre a necessidade de ressignificar os conceitos, as verdades e as certezas. Trazem ainda a disponibilidade de estarem nos amparando nessa difícil conquista de mudar a estrutura íntima através da educação da visão, audição e entendimento da realidade espiritual.

Permitamos sua presença amiga e acolhedora, através da mediunidade educada em bases de conhecimento, fraternidade e atenção. Reorganizemos nossas reuniões mediúnicas para que seus participantes se unam em clima de confiança, entendimento e carinho, promovendo trocas de informações e questionamentos entre encarnados e desencarnados como nos ensinou o mestre lionês. Todos seremos beneficiados, uma vez que a própria doutrina assim foi codificada.

“Ressignificar...Dar sentido novo em direção a um porvir de esperanças e completude interior.” (Eurípedes Barsanulfo – Lírios de Esperança).
Fonte: Revista Espírita de Campos nº 78.
* * *
(* Ionilda V. Carvalho é 
médica, professora universitária e oradora espírita em Campos dos Goytacazes - RJ.)
Imagem: http://www.google.com/. Acesso em: 19.02.2011.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

CRIANÇAS COM MEMÓRIA DE VIDAS ANTERIORES

ENTREVISTA COM CAROL BOWMAN


 
Carol Bowman, pesquisadora americana sobre reencarnação, relata como surgiu seu interesse pelo assunto e evoluiu para as pesquisas sobre recordações de vidas passadas em crianças. A entrevistada proferiu palestra sobre o tema e lançou o livro Las Vidas Pasadas de los Niños, editado em espanhol pelo CEI, no 6º Congresso Espírita Mundial, em Valencia. Há livros da autora, em português, publicados por editoras leigas.

Reformador: Qual foi sua motivação para começar a pesquisar a reencarnação?

Carol Bowman: Fiquei interessada em reencarnação, como estudante universitária, no final dos anos 1960, quando tive uma epifania e percebi que uma parte da minha consciência não morreria com o corpo físico. Foi um momento de mudança de vida. Ao mesmo tempo, encontrei validação para a minha experiência em O Livro Tibetano dos Mortos, e vi que a crença na continuidade da consciência após a morte era um dogma do budismo tibetano e também da filosofia védica da Índia.

Percebi um paralelo entre as antigas tradições orientais e as tradições ocidentais místicas do Cristianismo e do Judaísmo. Eu me perguntava por que a reencarnação havia se tornado uma fonte de escárnio na tendência principal da cultura americana, enquanto, ao mesmo tempo, tornava-se tema de conversa na contracultura americana dos anos 1960 e 1970. Descobri que séculos de repressão e perseguição por parte da Igreja Cristã e a esmagadora aceitação do materialismo científico tinham acabado com a crença na reencarnação na cultura ocidental. Mantive a crença na reencarnação ao longo dos anos e tive alguns vislumbres vagos do que eu achava que eram algumas das minhas vidas anteriores, mas não entendia como essas memórias estavam relacionadas com a minha vida atual.

Quando experimentei uma regressão a vidas passadas, aos trinta e poucos anos, tentando encontrar a cura para uma doença crônica física, finalmente comecei a entender como as vidas passadas afetam todos os aspectos de nossa personalidade, nossa saúde, nossos comportamentos e nossas atitudes. Essa regressão inverteu o padrão da minha doença e explicou-me muito sobre os meus medos presentes, doenças e outras características da personalidade. Ela foi, provavelmente, a experiência mais reveladora e curativa da minha vida. Eu queria aprender a ajudar os outros da maneira como tinha sido ajudada.

Reformador: Por que o foco em pesquisas com crianças?

Carol Bowman: Ao mesmo tempo, e acho que não foi uma coincidência, os meus filhos desenvolveram fobias: meu filho tinha pavor do som de trovões e minha filha tinha medo de nossa casa queimar. Quando meus filhos eram incentivados a falar sobre seus medos, descobrimos que as mortes traumáticas de vidas passadas eram a fonte de suas fobias. Depois de falar sobre suas vidas anteriores e as mortes, as fobias foram imediatamente afastadas. Suas curas induziram-me a investigar as memórias de vidas passadas das crianças, bem como a terapia de regressão com os adultos. Gostaria de saber se as outras crianças tinham essas lembranças também.

Encontrei o grande trabalho do Dr. Ian Stevenson, que documentou quase três mil casos de recordação espontânea de vidas passadas em crianças. Sua pesquisa confirmou que as crianças de todo o mundo poderiam se lembrar de suas vidas anteriores e me ajudou a entender que as memórias dos meus filhos não eram tão incomuns. Depois de verificar que a criança estava em uma vida anterior, ele foi capaz de comparar a personalidade atual da criança com a de vidas passadas. Ele descobriu que havia casos em que os traços de personalidade transitaram de uma vida para outra.

Ele também descobriu que muitas crianças tinham vívida recordação de suas vidas anteriores, especialmente se morreram de forma traumática, e muitas vezes essas crianças teriam fobias relacionadas à morte traumática. Isso também se foi confirmando e me fascinando demais, uma vez que o observei em meus próprios filhos. Mas fiquei surpresa ao ver que, em todos os seus estudos de casos e análises, o Dr. Stevenson nunca mencionou que essas memórias poderiam curar crianças. Para mim, isso foi o mais impressionante nas experiências dos meus filhos: que eles poderiam curar o trauma que tinham trazido para esta vida. Foi quando percebi que tinha encontrado algo importante que precisava ser compartilhado com os outros.

Reformador: Qual foi a experiência profissional que serviu de base para executar tal pesquisa?

Carol Bowman:Após minha própria experiência com terapia de vidas passadas, e depois de meus filhos terem partilhado as suas memórias, fiquei obcecada por compreender como as memórias de vidas passadas nos afetam.Eu não tinha formação em pesquisa, e minha graduação foi em inglês. Mas fui levada por uma forte curiosidade para aprender sobre esse fenômeno e suas aplicações práticas, não apenas como filosofia, mas como ferramenta de cura e autoconhecimento. Antes disso, rezava para encontrar o trabalho da minha vida.Uma vez que isso aconteceu, eu sabia o que era.

Li tudo o que pude encontrar nas livrarias e nas bibliotecas sobre reencarnação e casos de vidas passadas. Isso aconteceu antes da época da internet, assim os meus recursos eram limitados. Procurei alguns dos pioneiros no campo da terapia de vidas passadas: Dr. Roger Woolger,Henry Bolduc, Winafred Lucas, Norman Inge e outros, e treinei com eles. Decidi ir para a faculdade e fiz mestrado em terapia na Universidade de Villanova. Acredito que meu caminho foi orquestrado por mim. Eu tinha uma crença na reencarnação, então, experimentei minha própria cura como resultado de uma regressão a vidas passadas. E quando os meus filhos me contaram sobre suas experiências de vidas passadas, gostei do que estava testemunhando. Entendi as implicações de suas experiências para outras crianças também.

Reformador: Você tem muitos registros de casos de reencarnação?

Carol Bowman: Desde que comecei a coletar casos de crianças, no início dos anos 1990, recebi centenas de e-mails e cartas de pais de todo o mundo. Alguns casos não são mais do que uma única observação feita por uma criança. Outros casos são mais detalhados e se desenvolveram ao longo de alguns anos. Tenho sido patrocinada pelo site , desde a publicação do meu primeiro livro em 1997.As pessoas postaram centenas de casos no Fórum para exibição pública.

Reformador: O tema da reencarnação gera muito interesse nos Estados Unidos?

Carol Bowman: Observo que muitos acreditam em reencarnação nos EUA, mas são crenças pessoais, e que ficam abafadas devido à sua formação religiosa, ou por medo da exposição ao ridículo, proveniente da família ou dos amigos. Ocorreu um aumento significativo de interesse pelo assunto nos últimos 20 anos. Os livros do Dr. Brian Weiss, em especial, têm gerado muito interesse, já que ele é um médico com credenciais impecáveis que veio a público com seus próprios casos de cura através da terapia de vidas passadas com seus pacientes. Tem havido também muita cobertura de televisão e rádio sobre o tema nos últimos 15 anos.

Quando o material é apresentado de forma justa e não sensacionalista, acredito que abre caminho para mais pessoas expressarem suas convicções. Felizmente, essa tendência continuará.

Reformador: Como você se sente ao apresentar suas pesquisas em eventos espíritas?

Carol Bowman: Tem sido uma honra e uma alegria apresentar as minhas descobertas em dois eventos espíritas, em Boston e Valencia. É uma alegria, pois, para muitos espectadores, aos quais falo, o que apresento é um novo material, por vezes ideias completamente novas. Esse não é o caso da comunidade espírita. Sei que a comunidade espírita é bem informada sobre os princípios que abordo, e também acrescenta uma percepção valiosa para a discussão. A partir do retorno que tenho recebido, os espíritas apreciam as aplicações práticas dos princípios de reencarnação, crescimento espiritual, e de cura. Esse é o meu intuito. É por isso que é tão gratificante falar com as pessoas que entendem o que estou tentando transmitir por meio da fala e da escrita.
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(Texto e imagem disponíveis em:
Reformador on line - Ano 129 • Nº 2183 • Fevereiro 2011 - 
http://www.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=213 .
Acesso em: 14.02.2011)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

CENTRO ESPÍRITA "FÉ, AMOR E CARIDADE"


O Centro Espírita Fé, Amor e Caridade, de Laguna, Santa Catarina, instituição centenária, situa-se na Travessa Luiz Nery, 126 – Centro - Laguna – cep. 88790-000 – SC.
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